POR SAGRES
A Escola Estadual Câmara da Silva, localizada em Santa Catarina, tornou-se um exemplo pioneiro de sustentabilidade ao ser certificada como a primeira escola Lixo Zero do Brasil. O projeto, que teve início em 2019, surgiu a partir de uma iniciativa na sala de Língua Portuguesa, liderada pela professora Fabiana Nogueira, e evoluiu para uma transformação completa da instituição.
Fabiana Nogueira, professora efetiva na rede estadual de Santa Catarina e atuante na Escola Câmara da Silva há nove anos, desenvolveu o projeto como parte de uma atividade pedagógica para ensinar os alunos a produzir artigos de opinião. O tema inicial escolhido foi o uso das sacolas plásticas, que gerou um alto nível de engajamento entre os estudantes. O interesse dos alunos levou à criação de um seminário sobre o tema, o que chamou a atenção do Instituto Chusério Brasil.
O presidente do Instituto, ao perceber o entusiasmo da turma de nono ano, lançou um desafio ambicioso: transformar a escola em um modelo de gestão de resíduos. “A ideia era não só transformar a sala de Língua Portuguesa, mas toda a escola em uma instituição Lixo Zero”, explicou Fabiana. Com o apoio do Instituto, a escola implementou mudanças significativas, incluindo a remoção de lixeiras das salas e a adoção de um sistema de compostagem e gerenciamento de resíduos.
Atualmente, a Escola Câmara da Silva mantém uma política de gerenciamento de resíduos altamente eficiente. Todos os resíduos secos são destinados a uma associação de catadores, enquanto os resíduos orgânicos são compostados.
Gerenciamento de resíduos
O único tipo de resíduo que vai para termos sanitários é o rejeito, proveniente dos banheiros, que corresponde a apenas 4% do total gerado na escola. A gestão dos resíduos é realizada por um coordenador Lixo Zero e pelos alunos, que cuidam da logística de coleta e destinação.
“Meu objetivo era fazer com que os alunos entendessem o que era um artigo de opinião, fazer com que eles pudessem produzir um artigo de opinião, e o que eu procurei para ser tema inicial dessa aula foi o uso das sacolas. Esse tema gerou tanto interesse neles através de vídeos, textos, discussões que esse primeiro trabalho com artigo de opinião ganhou um novo desdobramento dentro dessa sequência didática que era um seminário. Depois surgiu o desafio proposto pelo presidente do Instituto de Chusério Brasil”, explica a professora.
Além da certificação como escola Lixo Zero, a escola também recebeu o prêmio de práticas lixo zero, reconhecendo a eficácia e inovação do projeto. As mudanças não foram apenas físicas, mas também geraram um impacto significativo na comunidade escolar.
Questões ambientais
A experiência proporcionou aos alunos uma visão ampliada sobre questões ambientais, e muitos ex-alunos, que participaram do projeto desde 2019, seguiram carreiras ligadas à engenharia e à sustentabilidade.
“A partir do momento que a gente produzia, a gente retirou as lixeiras das salas. Então, hoje na escola nós não temos lixeiras, os alunos fazem todo o manejo da compostagem, junto com o coordenador lixo zero, e faz toda essa logística de residuário para as big bags, que são sacolas grandes, onde são depositados esses materiais, até que a associação de catadores venha buscar esse material”, pontua.
“Este projeto não só transformou o ambiente escolar, mas também impactou profundamente a formação dos nossos alunos”, afirmou Fabiana Nogueira. “Ver nossos alunos levando adiante os princípios do projeto em suas vidas pessoais e profissionais é extremamente gratificante”, finaliza.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis